quarta-feira, 16 de abril de 2014

FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES




HIC HOMO JUSTUS ERAT


Entregou seu braço direito à corda dos algozes
e viu as torres do templo através dos cílios estalados

recusou o fel e ofereceu à lança seu lado cheirando
a mulher
suspendeu a cabeça do dia espiral
à sombra dos seus cabelos tilintavam dados e corria o povo

abriu ao trovão sua vazia boca redonda
jazendo ao alto um corvo sacudiu a cabeça para leste

e a noite descendo passava sozinha na cidade
como a inocência dele.


Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

Livro - MEMÓRIA IMPERFEITA

Sem comentários:

Enviar um comentário