quinta-feira, 23 de julho de 2009

MIGUEL TORGA

Entre
o aloendro ainda em flor à esquina da casa
e a macieira de Maio
o teu rosto pendular
nas palavras que todos dizíamos
sobre Camus, o absurdo, S. Lourenço e a liberdade
na grelha, do corvo o punho erguido,
nesse ano de 1962,
dentro do teu quintal de S. Martinho,
um semicírculo sob o outro,
o que se não vê mas sabemos à nossa medida,
já é alguma coisa a intempérie.
Ouvíamos-te nitidamente
como ao sino da urze na montanha.

Poema de ANTÓNIO CABRAL

Sem comentários:

Enviar um comentário