quinta-feira, 13 de maio de 2010

FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

QUINZE DIAS DEPOIS

no entanto os rios continuaram
braços azuis cheios de horas redondas e de argolas.

a barba dos homens continuou crescendo
durante a noite ela cresce por debaixo da luz
entre as unhas e a lua.

ah minha compenheira a brecha no muro a
boca redonda por onde se ouvem os
insectos cantando nos relógios. o
mesmo vento suão de sempre. a janela vazia. a
cinza acumulada sobre os horizontes.

era morte a palavra. frio. nunca
mais a última palavra.
no entanto os rios continuaram
bebendo os pássaros os ramos dos negrilhos.

era morte a palavra.
o medo a sua estrada. os rios continuaram
por onde ela não passa.

Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES - Livro ANDAMENTO

Sem comentários:

Enviar um comentário