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Fernão de Magalhães Gonçalves
MEMÓRIA DO CORPO
Não há morte na memória do teu corpo
apenas o gesto de mastigar a neve
o cansaço furioso
o bafo cinzento da respiração
gosto do teu corpo
do sal do teu suor
dedos deslizando nos dedos o
gosto da tua saliva
passa o tempo e desfaz-se
derretido na concha da tua boca
mas hoje os teus olhos são barcos ancorados
que não atravessam o rio dos meus versos
e as mãos nas tuas mãos
são só dedos
dispersos.
Poema de Fernão de Magalhães Gonçalves
Antologia Poética, pág. 47
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