quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Fernão de Magalhães Gonçalves







MEMÓRIA DO CORPO




Não há morte na memória do teu corpo


apenas o gesto de mastigar a neve
o cansaço furioso
o bafo cinzento da respiração


gosto do teu corpo
do sal do teu suor
dedos deslizando nos dedos o
gosto da tua saliva


passa o tempo e desfaz-se
derretido na concha da tua boca


mas hoje os teus olhos são barcos ancorados
que não atravessam o rio dos meus versos


e as mãos nas tuas mãos
são só dedos
dispersos.


Poema de Fernão de Magalhães Gonçalves
Antologia Poética, pág. 47



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