ABERTURA NO SILÊNCIO
A porta abriu-se com uma chave grande e lisa, rodando para a esquerda uma fechadura já desengonçada do uso. A luz entra e entabula um diálogo com a sombra e o silêncio guardados no pequeno pátio que antecede as escadas assimétricas e íngremes.
A luz fez chilrear as sete andorinhas de barro, em formação de gala, pregadas na parede caiada de branco. Pelo menos assim pareceu aos olhos que as olharam, matando as saudades de longos tempos de ausência. Sim, que os olhos também ouvem, tal como os ouvidos vêem na escuridão, porque, se assim não fosse, não nos orientaríamos no escuro através dos sons. (. . . )
FRESCOS DA MEMÓRIA - ANTÓNIO FORTUNA
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