sexta-feira, 5 de março de 2010

FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES

(. . . ) Os mais graves abusos de que a obra de Miguel Torga tem sido vítima têm surgido da exegese de certa "analítica" proselitista a que o absolutismo publicitário vinha reduzindo a crítica em Portugal.
Foi na arbitrariedade e na miopia desses técnicos da literatura que o mercantilismo editorial teve os seus mais eficazes prospectores. Criara-se entre o crítico e o escritor uma espécie de cumplicidade conjugal e arcádica, tipo nó de serpente. Já quase só se escreviam os "códigos" e as "cifras" de que o crítico poderia fazer demonstrações, - e que já não eram só uma forma de guerrilha literária contra a Censura. A sinistrose literária era tão snob como uma casaca de academia. Hoje, que a "mudança" portuguesa permite uma decifração dessa criptografia generalizada, vemos como não houve desonestidade intelectual que ela não vestisse. (. . . )
FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES - SETE MEDITAÇÕES SOBRE MIGUEL TORGA

Sem comentários:

Enviar um comentário