era a idade do fogo e do degelo
puros acordavam os desejos das
flores de cada fruto não desenganados
tinham acabado de nascer as flores de laranjeira
pássaros furtivos vigiavam a
coincidência do teu corpo com o
aroma das tílias
Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES - Livro JÚBILO DA SEIVA
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
JOÃO DE DEUS RODRIGUES
SER POETA
O poeta,
É uma criatura
De alma aberta.
Que nasce nu,
Vive pobre
E morre rico.
Nasce nu,
Com alma de enamorado,
Para cantar triste,
O que deveras sofre, amargurado.
Vive pobre,
Por não ser compreendida
A causa nobre,
Que o consome.
Semeando no vento,
Que a perversidade
É um acto avarento!
E morre rico,
Porque a sua semente
Germina no Amor eternamente,
Abrindo sempre em flor.
PASSAGENS E AFECTOS - JOÃO DE DEUS RODRIGUES
O poeta,
É uma criatura
De alma aberta.
Que nasce nu,
Vive pobre
E morre rico.
Nasce nu,
Com alma de enamorado,
Para cantar triste,
O que deveras sofre, amargurado.
Vive pobre,
Por não ser compreendida
A causa nobre,
Que o consome.
Semeando no vento,
Que a perversidade
É um acto avarento!
E morre rico,
Porque a sua semente
Germina no Amor eternamente,
Abrindo sempre em flor.
PASSAGENS E AFECTOS - JOÃO DE DEUS RODRIGUES
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
terça-feira, 27 de outubro de 2009
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
sábado, 24 de outubro de 2009
FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
Foi num dia concreto como grãos de trigo que
tu chegaste ao fim das palavras e
partiste
eu era os rochedos em que as ondas vinham desfazer-se
tu o barco que navegava na planície azul
alguém havia um dia de dizer como
dois seres inventam o silêncio e o habitam nesse
preciso lugar onde as palavras nada significam e
é inútil falar de amor ou de amargura
nem adeus nos dissemos de nada valeria
no cais de qualquer vida se desprendem os
sentimentos de seus nomes
anónimos e livres seguimos cada
qual por seu caminho até as próprias pedras
palpitavam de medo e de suspeita
alguém havia um dia de dizer como
dois seres se introduzem na pura solidão
cercados de vazias palavras arbitrárias e do
bater pontual do coração.
Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
tu chegaste ao fim das palavras e
partiste
eu era os rochedos em que as ondas vinham desfazer-se
tu o barco que navegava na planície azul
alguém havia um dia de dizer como
dois seres inventam o silêncio e o habitam nesse
preciso lugar onde as palavras nada significam e
é inútil falar de amor ou de amargura
nem adeus nos dissemos de nada valeria
no cais de qualquer vida se desprendem os
sentimentos de seus nomes
anónimos e livres seguimos cada
qual por seu caminho até as próprias pedras
palpitavam de medo e de suspeita
alguém havia um dia de dizer como
dois seres se introduzem na pura solidão
cercados de vazias palavras arbitrárias e do
bater pontual do coração.
Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
CLÁUDIO LIMA
de que tempo é o poema
de que século
de que ano?
sem rótulo que não é vinho
sem eco que não tem séquito
sem idade
infinitésimo precário instante
de computar os séculos
as décadas os dias
na baça periferia da memória
sopro de fogo
contra as muralhas
do silêncio
CLÁUDIO LIMA - ITINERARIUM
de que século
de que ano?
sem rótulo que não é vinho
sem eco que não tem séquito
sem idade
infinitésimo precário instante
de computar os séculos
as décadas os dias
na baça periferia da memória
sopro de fogo
contra as muralhas
do silêncio
CLÁUDIO LIMA - ITINERARIUM
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
ANTÓNIO FORTUNA
LIVRO
Se todo o livro fosse um ferro em brasa,
Deixava marcas fundas como a fome,
Razão por que se lê, mas não se come,
Razão por que alimenta a "tábua rasa".
A página de um livro é uma asa
Que agita leve o ar que se consome,
É ponte sobre um rio que não some,
Saber, conhecimento, que não vaza.
Num dia incerto ouvi alguém dizer:
"Não leio um livro, um livro é que me lê!" . . .
E só agora eu percebi porquê ...
Em aconchego às horas de sofrer,
Um livro é um companheiro que nos vê,
Que nos folheia a vida e nos relê.
Poema de ANTÓNIO FORTUNA, do livro A CHAVE DO DEGREDO.
Se todo o livro fosse um ferro em brasa,
Deixava marcas fundas como a fome,
Razão por que se lê, mas não se come,
Razão por que alimenta a "tábua rasa".
A página de um livro é uma asa
Que agita leve o ar que se consome,
É ponte sobre um rio que não some,
Saber, conhecimento, que não vaza.
Num dia incerto ouvi alguém dizer:
"Não leio um livro, um livro é que me lê!" . . .
E só agora eu percebi porquê ...
Em aconchego às horas de sofrer,
Um livro é um companheiro que nos vê,
Que nos folheia a vida e nos relê.
Poema de ANTÓNIO FORTUNA, do livro A CHAVE DO DEGREDO.
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
terça-feira, 13 de outubro de 2009
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
sábado, 10 de outubro de 2009
FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
Um dia saberemos meu amor quando
os elos do tempo já quebrados
como nas linhas das mãos os nossos dias
eram fios cruzados
águas desiguais no mesmo leito
de um rio
a mesma cor as unia
e um barco que nunca partiu
ancorado no meio
as dividia
um dia saberemos meu amor que
nestas palavras escritas
se muda para sempre a
minha boca
das que nunca foram ditas.
Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
os elos do tempo já quebrados
como nas linhas das mãos os nossos dias
eram fios cruzados
águas desiguais no mesmo leito
de um rio
a mesma cor as unia
e um barco que nunca partiu
ancorado no meio
as dividia
um dia saberemos meu amor que
nestas palavras escritas
se muda para sempre a
minha boca
das que nunca foram ditas.
Poema de FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
hoje nada te prometo
neste poema concreto vai
apenas um beijo o
desejo de
contigo correr entre os silvedos
colher amoras contar
com os dedos pelos
grãos de areia os anos a que faltam horas
horas guardadas nestas
conchas dobradas flores das
areias que
tens nas mãos cheias
fechadas
FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES - ANTOLOGIA POÉTICA
neste poema concreto vai
apenas um beijo o
desejo de
contigo correr entre os silvedos
colher amoras contar
com os dedos pelos
grãos de areia os anos a que faltam horas
horas guardadas nestas
conchas dobradas flores das
areias que
tens nas mãos cheias
fechadas
FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES - ANTOLOGIA POÉTICA
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
PRÉMIO NACIONAL DE POESIA
FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
2007 - ANTÓNIO CABRAL
2008 - CLÁUDIO LIMA
2009 - JOAQUIM DE BARROS FERREIRA
2010 - ANTÓNIO FORTUNA
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
E do ponto mais alto do teu corpo se
vêem as neves permanentes e o mundo circular
e no fundo do teu ventre há um
rio furioso por entrar
no meu corpo te crucifico em corpo inteiro
abro as chagas do lado ponho a esponja do fel
lentamente canta caindo o sangue e
dizemos que a esponja sabe a mel
demoro nos teus seios a
avidez dos frutos sazonados
sigo o rumo das dunas dos teus ombros
os olhos nos teus olhos misturados
pátria do meu ventre e dos meus braços por
ti viajarei até ao mar não
tem regresso o caminho do teu corpo não
há segunda vez para te amar.
FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES - OBRA POÉTICA / ANTOLOGIA
vêem as neves permanentes e o mundo circular
e no fundo do teu ventre há um
rio furioso por entrar
no meu corpo te crucifico em corpo inteiro
abro as chagas do lado ponho a esponja do fel
lentamente canta caindo o sangue e
dizemos que a esponja sabe a mel
demoro nos teus seios a
avidez dos frutos sazonados
sigo o rumo das dunas dos teus ombros
os olhos nos teus olhos misturados
pátria do meu ventre e dos meus braços por
ti viajarei até ao mar não
tem regresso o caminho do teu corpo não
há segunda vez para te amar.
FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES - OBRA POÉTICA / ANTOLOGIA
Subscrever:
Mensagens (Atom)